18 outubro 2006

Perón

Uma notícia da agência EFE sobre os incidentes durante o translado do féretro de Juan Domingo Perón do cemitério de Chacarita para a sua casa-museu a 52 quilómetros de Buenos Aires.

"Buenos Aires, 18 oct (EFE).- Los sindicatos argentinos sedesmarcaron hoy de la batalla campal que tiñó de violencia eltraslado de los restos del general Juan Domingo Perón, mientras la oposición culpó de lo sucedido al presidente Néstor Kirchner. Si bien la cúpula del Gobierno evitó hasta ahora comentar los enfrentamientos con palos, piedras y armas de fuego, que dejaron entre 40 y 60 heridos, desde las filas del oficialismo se acusó al sector que responde al ex presidente Eduardo Duhalde, antecesor y rival de Kirchner en las filas del gobernante peronismo. Hugo Moyano, secretario general de la Confederación General del Trabajo (CGT), la mayor central sindical del país, aseguró hoy que los disturbios de este martes fueron "armados" con el objetivo de perjudicarle e impedir la presencia en el acto del jefe del Estado. Los disturbios los protagonizaron grupos sindicales rivales por ganar espacio frente al palco donde se rindió un homenaje póstumo al tres veces presidente argentino y fundador del PJ, antes de la colocación del féretro en un mausoleo construido en la finca "17 de octubre", en San Vicente, a 40 kilómetros de Buenos Aires. El féretro que contiene el cadáver momificado de Perón fuellevado el martes desde el cementerio porteño de la Chacarita a esa residencia que le perteneció al general y hoy es un museo, donde desde ahora reposarán. Moyano, también líder del sindicato de los camioneros, admitió que Emilio Quiroz, a quien la televisión registró cuando disparaba con una pistola, es un empleado de su gremio. "Lo de este hombre es un hecho lamentable. Si tiene que ir preso, que vaya preso", dijo Moyano tras recalcar que desconoce si los disturbios fueron producto de viejas cuentas pendientes entre el sindicato de los camioneros y el de los obreros de la construcción, como señala la mayoría de los testigos. Un juez libró hoy una orden de captura contra Quiroz, al que distintas versiones vinculan con Pablo Moyano, hijo del titular de la CGT y tesorero del gremio de los camioneros. Julio Piumato, líder de los trabajadores judiciales, atribuyó los incidentes en la residencia "17 de Octubre" a "sectores del poder económico" que están "en contra de los intereses populares". El dirigente indicó que "ningún peronista" fue este martes a "romper la casa y el auto de Perón", que quedaron absolutamente dañados tras la refriega, y consideró que "hay una campaña montada contra la reelección de Kirchner". Mãs explícitos fueron el subsecretario de Tierras para el Hãbitat Social, Luis D'Elía, y Carlos Kunkel, diputado por el Frente para la Victoria, la agrupación que lidera Kirchner dentro del peronismo, quienes identificaron a Duhalde (2002-2003) como el promotor de los enfrentamientos. "Duhalde y su esposa han vuelto a tener protagonismo y con ello vuelve una metodología que creímos superada en Argentina", dijo Kunkel. Para D'Elía, los disturbios fueron "un golpe del 'duhaldismo' contra la memoria y la pluralidad de los argentinos". Gerardo Martínez, líder del sindicato de la construcción, que tiene afinidad con Moyano, reconoció que en los incidentes participaron trabajadores de su gremio liderados por Juan Pablo Medina, quien a su vez se defendió al señalar que su organización respondió a la "provocación" de los camioneros. La oposición, por su parte, cargó las tintas contra el Gobierno argentino, cuyos actos, en palabras de Mauricio Macri, diputado y líder del centro-derechista Propuesta Republicana, siempre "representan violencia, confrontación y discordia", Macri afirmó que Kirchner "debe pedir disculpas a la sociedad" por el "espectãculo" de la finca de San Vicente, que a su juicio "fue visto en todo el mundo y desalienta las inversiones en el país". El centro-derechista Ricardo López Murphy coincidió en que "no hay otro responsable" que Kirchner por los incidentes, mientras Elisa Carrió, del centro-izquierdista Alternativa para una República Igualitaria (ARI), señaló que la violencia "no se puede parar cuando es alentada desde el poder". Carrió describió los disturbios como "una parodia de la tragedia que ocurrió en el pasado", en alusión a los sangrientos choques armados que sectores antagónicos del peronismo libraron el 20 de junio de 1973, cuando Perón volvió al país desde España después de 18 años de exilio."

29 setembro 2006

Tolerâncias

Notícias de hoje: os seropositivos não podem permanecer na Rússia mais de três meses; um jovem inglês de 13 anos não pôde entrar no autocarro da sua escola no sul da Inglaterra por não ser baptizado. Estamos tão preocupados com a intolerância dos muçulmanos que nos esquecemos das faltas de tolerância que temos à porta...

Alberto João

A Madeira vai ser palco no próximo ano, entre 9 e 12 de Maio mais propriamente, do Congresso Internacional "Jardins do Mundo: Discursos e Práticas".
Meia centena de historiadores, teólogos e filósofos vão discutir a relação "entre o homem e a natureza".
O director regional dos Assuntos Culturais, João Henrique Silva, justificou a realização do evento porque "a Madeira é um jardim".
O jardim é "um sistema aberto de ressonâncias e de interdependências", garantiu o mesmo director.
Que vontade de fazer uns trocadilhos...

Superficialidade iconográfica

Apesar de cada vez serem menos aqueles que lêem neste país e menos ainda aqueles que compreendem realmente aquilo que lêem, crescem os laivos novos-ricos dos iletrados, habituados a aproveitar-se da dimensão iconográfica da cultura para a autopromoção despudorada da sua pretensa obra. Um homem pode roubar, enganar, corromper, destruir a paisagem à sua volta para arrecadar mais uns cobres, amealhar mais poder e afastar os outros que lhe podem fazer frente, o que não se pode esquecer, para a sua bem-aventurança pública é de usar as lombadas dos livros, as pinturas nas paredes, as esculturas nas rotundas ou nos parques de poetas... Então, o pobre do Fernando Pessoa, que poucos lêem e muitos citam, é mais explorado que imigrante ucraniana em bar de alterne no sul de Espanha! Agora apareceu um cartão de crédito com o nome de Fernando Pessoa e é razão para perguntar: Quais são os limites? O que tem o poeta a ver com dinheiro de plástico? Não podemos boicotá-los? Insultá-los? Gritar-lhes na cara que é de mau gosto?

Tortura

De um artigo de opinião de Ariel Dorfman (autor de "A Morte e a Donzela") no diário "El País":

"Não pode este país [Estados Unidos], o mais poderoso do mundo, compreender que quando permite aos seus agentes torturarem um ser indefeso, não só estão a corromper a vítima e o vitimário, mas também a sociedade inteira, todos os que insistem em que não é para tanto, todos os que não querem admitir o que se está a fazer para que eles durmam tranquilamente de noite, todos os cidadãos que não sairam à rua a protestar e a pedir a demissão de qualquer autoridade que tenha sugerido, mesmo sussurrando, que a tortura é inevitável, uma noite escura em que temos de entrar se quisermos sobreviver nestes tempos perigosos?"

27 setembro 2006

Barbie portuguesa

O leilão da colecção de Barbies da holandesa Ietje Raebel em Londres foi um sucesso. A Christie's conseguiu 176 mil euros por uma das mais importantes colecções da boneca criada em 1959 por Ruth e Elliot Handl, mais 23 mil euros do que tinha calculado. Isto apesar de algumas das bonecas não terem alcançado o valor mínimo estimado pela leiloeira, tendo a pior sido mesmo a Barbie portuguesa. A Barbie 5º aniversário em Portugal, de 1989, rendeu apenas 36 euros, quando se esperava que pudesse atingir 150 euros. Se nem conseguimos que invistam nas nossas bonecas é porque este país vai de mal a pior...

26 setembro 2006

Paraguai

Numa homenagem a um amigo de palmo e meio aqui fica a cotização do guarani para hoje: 1 euro = 6.610 guaranis. Obrigado

Darío Silva

Reunia tudo o que tem de bom e mau do futebol uruguaio, principalmente nos últimos anos. A capacidade de deliciar os espectadores, de tratar bem a bola, de marcar golos bonitos, desses para ficar na memória, conjugadas com uma estranha propensão a alhear-se do jogo, a tentar resolver individualmente as coisas que, no futebol, a maior parte das vezes, resultam melhor colectivamente. Darío Silva era capaz, igualmente, como todos os latinos, de se perder em discussões inconsequentes e picardias desnecessárias. O Portsmouth inglês tinha sido a sua última etapa futebolística. Dispensado no final da época passada, com 33 anos e sem clube, o jogador uruguaio passava férias no seu país. No domingo teve um acidente na Rambla de Montevideu - o carro que conduzia embateu a 100 quilómetros por hora contra um poste de iluminação e ele foi impelido pelo ar. Internado no hospital com uma fractura exposta, a dimensão da lesão obrigou os médicos a amputar-lhe a perna para lhe salvar a vida.

22 setembro 2006

O que está verdadeiramente em causa na polémica com Bento XVI

De um artigo de Tariq Ramadan, hoje publicado no "El País":


"Quando os cidadãos são privados dos seus direitos essenciais e da sua liberdade de expressão, não custa nada deixar que libertem a sua ira a propósito de umas caricaturas dinamarquesas ou de umas palavras do Pontífice."

"(...) ao sublinhar a relação privilegiada entra a tradição racionalista grega e a religião cristã, [o papa] tenta estabelecer uma identidade europeia que seria cristã no religioso e grega no que diz respeito à razão filosófica. Dessa forma, o islão, que, pelos vistos, não tem esse tipo de relação com a razão, seria alheio à identidade europeia construída a partir desse legado. Há anos, o então cardeal Ratzinger manifestou a sua oposição à entrada da Turquia na Europa com argumentos similares."

"O papa Bento XVI está a convidar os cidadãos do continente para que sejam conscientes do ineludível carácter cristão da sua identidade, que correm o risco de perder. A mensagem pode ser legítima nestes tempos de crise de identidade, mas é inquietante e quiçá perigosa porque é reducionista em dois aspectos, o enquadramento histórico e a definição da identidade europeia. Isso é que exige uma resposta dos muçulmanos."

"[Os muçulmanos] Devem recusar uma interpretação da história do pensamento europeu que elimina o papel do racionalismo muçulmano, na qual a contribuição árabe e muçulmana fica reduzida à mera tradução das grandes obras de Grécia e Roma. A memória selectiva que com tanta facilidade 'esquece' as decisivas contribuições de pensadores muçulmanos racionalistas como Al Farabi (século X), Avicena (século XI), Averróis (século XII), Al Ghazali (século XII), Ash Shatibi (século XIII) e Ibn Jaldun (século XIV), reconstrói uma Europa falsa, que se engana sobre o seu próprio passado."

"Nem a Europa, nem o Ocidente podem sobreviver enquanto continuem a tratar de nos definir através da exclusão do Outro - o Islão, os muçulmanos - que tememos."

"É possível que o que mais necessita a Europa não seja um diálogo com outras civilizações, mas um autêntico diálogo consigo mesmo, com essas facetas de si própria que se negou a reconhecer durante demasiado tempo e que, ainda hoje, a impedem de aproveitar a riqueza das tradições religiosas e filosóficas que a formam."

"A Europa deve aprender a aceitar a diversidade do seu passado para dominar o forçoso pluralismo do seu futuro."

21 setembro 2006

A-ver-Cuba


Uma imagem de Cuba, cortesia do blog do cubano Alejandro Armengol que pode ser visitado aqui.

Sven Nykvist


O director de fotografia Sven Nykvist, que trabalhou com Ingmar Bergman e com Woody Allen, mas principalmente com o primeiro, morreu aos 83 anos num hospital sueco. Com ele desaparece uma forma de olhar, uma forma de iluminar o mundo num fotograma...

20 setembro 2006

Transparência v Terrorismo

De uma crónica do filósofo eslovaco Slavoj Zizek no "El País" de hoje...

"A ameaça invisível e omnipresente do terrorismo legitima as medidas defensivas demasiado visíveis. A guerra contra o terrorismo distingue-se das precedentes lutas mundias do século XX, como a guerra fria, pelo facto de que, tal como nestas últimas o inimigo estava claramente identificado, como o império comunista realmente existente, a ameaça terrorista é essencialmente espectral, está desprovida de centro visível. A potência que se apresenta como estando continuamente ameaçada e que afirma estar simplesmente a defender-se de um inimigo invisível corre o perigo de se converter num poder manipulador. Podemos realmente confiar nessa potência ou apelar apenas a essa ameaça só para nos impormos uma disciplina e para nos controlarmos? É preciso retirar a seguinte lição: no combate contra o terrorismo, é mais indispensável que nunca que a política de Estado seja democraticamente transparente."