28 outubro 2005

A Turquia moderna e europeia

O escritor turco Orhan Pamuk, processado por afirmações sobre o massacre dos arménios durante o impérito otomano, está ameaçado com um novo processo por denegrir a imagem do exército, informou hoje a agência de notícias Anatólia. Kemal Kerincsiz, membro de uma associação de juristas nacionalistas, apresentou queixa num tribunal de Istambul contra o autor, acusando-o de ofender o exército turco numa entrevista ao diário alemão "Die Welt". Pamuk definiu a instituição militar turca como um obstáculo ao progresso da democracia no país. "Não vejo o AKP [Partido da Justiça e do Desenvolvimento, actualmente no poder] como uma ameaça para a democracia turca. Infelizmente, a principal ameaça é o exército que impede por vezes o desenvolvimento da democracia", disse Pamuk ao "Die Welt".
Se for considerado culpado, o escritor pode ser condenado a uma pena de seis meses a dois anos de prisão. Pamuk vai comparecer em tribunal a 16 de Dezembro para responder noutro processo, onde é acusado de "de insultar deliberadamente a identidade turca" ao referir numa revista suíça: "Um milhão de arménios e 30.000 curdos foram mortos nesta terra, mas ninguém além de mim ousa dizê-lo". O autor, de 53 anos, que recebeu na semana passada o prestigioso Prémio da Paz dos livreiros alemães durante a Feira de Livros de Frankfurt, arrisca-se a uma pena entre seis meses e três anos de prisão.
(notícia da Agência Lusa)