Blogues sem capacidade para influenciar a agenda de campanha
(aqui fica o texto da Lusa sobre os blogues)
Lisboa, 08 Jan (Lusa) – Os blogues estão a ter pouco impacto na campanha das presidenciais, os responsáveis pelas candidaturas afirmam estar atentos ao que se discute na Internet, mas revelam que a blogosfera não influencia a agenda dos seus candidatos.
Apesar do surgimento de vários espaços anti-Cavaco e do diálogo entre os blogues de apoio a Cavaco Silva como o Pulo do Lobo (pulo-do-lobo.blogspot.com) e a Mário Soares, Super Mário (mario-super.blogspot.com), às páginas dos jornais não tem chegado quase nada do que se vai discutindo na Internet.
“Falta-nos dar um passo, o de termos mais blogues de cariz jornalístico, capazes de influenciar a vida pública. Em Portugal, é impensável haver blogues financiados pelos leitores como existem nosEstados Unidos. Estamos num plano de formação da capacidade de influência. Ainda falta o profissionalismo”, explica à Agência Lusa Pedro Lomba, colunista do DN e animador do blogue Pulo do Lobo.
Na última campanha presidencial nos Estados Unidos, tanto o partido republicano como o partido democrata reservaram espaço para os principais “bloggers” nos seus congressos e há blogues que marcam aagenda política e noticiosa.
Dan Rather, apresentador do programa “60 Minutes” da cadeia detelevisão norte-americana CBS – transmitido em Portugal pela SICNotícias -, viu-se obrigado a antecipar a sua reforma, depois de umblogue ter denunciado como falsos os documentos apresentados pelo jornalista numa peça sobre o serviço militar de George W. Bush.
“Muitas das discussões mais importantes da pré-campanha passaram mais pela blogosfera do que pela imprensa tradicional. Fiquei surpreendido, porque esperava uma maior visibilidade mediática”, disse à Lusa José Mário Silva, um dos fundadores do Blogue de Esquerda(bde.weblog.com.pt).
“Existe uma relação ambivalente, às vezes até tensa, entre os meios tradicionais e os blogues. Há uma série de micro-causas, como lhe chamou Pacheco Pereira, que são discutidas nos blogues e que não aparecem nos meios tradicionais”, explicou Diogo Vasconcelos, mandatário digital da campanha de Cavaco Silva.
Para o escritor e jornalista Francisco José Viegas, que escreve no Pulo do Lobo, o debate das presidenciais “já foi esgotado na blogosfera”, onde “a campanha, que é muito longa, já acabou”.
“O debate na rua é sobre se Cavaco Silva vai ganhar na primeira volta ou não, na blogosfera esse debate já foi esgotado”, afirma à Lusa, ressalvando, porém, ser “natural que na última semanade campanha haja um regresso das presidenciais à ‘blogosfera’”.
Francisco José Viegas aponta outro pormenor que poderá explicar a situação: “Os candidatos que poderiam aproveitar melhor a ‘blogosfera’, como Manuel Alegre e Francisco Louçã, não o têm feito”.
“Os blogues têm uma função mais de debate, acabam por ser muito participados, mas no fundo não há assim tanta gente que os consulta”, explica a arquitecta Helena Roseta, responsável pelo “site”da candidatura de Manuel Alegre – www.manuelalegre.com.
“O portal é mais importante para nós. Quando não se tem apoio partidário, nem muitos meios, o portal é um instrumento fundamental, pois serve como estrutura da organização. Posso até dizer, que sem o portal esta campanha não seria possível, basta dizer que foi através dele que fizemos a recolha das assinaturas”, acrescentou.
Também a candidatura apoiada pelo Bloco de Esquerda apostou somente no portal de Francisco Louçã (www.franciscopresidente.net).
“Não sentimos necessidade de criar um blogue. Temos espaço no ‘site’ para as notas de campanha e para o acompanhamento do que sai na imprensa. Os blogues semi-oficiais, oficiais ou oficiosos têm funcionado muito mais numa lógica de negação que de apoio”, adiantou Pedro Sales, assessor de imprensa de Louçã, à Lusa.
Nesta campanha surgiram também muitos blogues que “nada têm para oferecer a não ser o ódio intestinal a um dos candidatos”, explica Pedro Lomba.
Nesse aspecto, Cavaco Silva ganha por maioria – Cavaco Fora de Belém (cavacoforabelem.blogspot), Lobo com Pele de Cordeiro (lobo-cordeiro-blogspot.com) e Great Portuguese Disaster 1985-1995(greatportuguesedisaster.blogspot.com) são apenas alguns.
O candidato apoiado pelo PSD e CDS apostou em força naInternet e tem Diogo Vasconcelos como mandatário digital(mandatariodigital.blogspot.com).
“Decidiu-se desde o princípio que a campanha digital era nevrálgica para Cavaco Silva. Por isso, o nosso ‘site’ foi lançado a 10 de Novembro pelo professor com 300 pequenas e médias empresas inovadoras que quiseram demonstrar publicamente o seu apoio à candidatura”, disse à Lusa Diogo Vasconcelos.
Embora, como afirma o apoiante de Cavaco Silva, “os blogues tenham influência crescente na formação de opinião de uma faixa importante de pessoas”, Tiago Mota Saraiva, apoiante de Jerónimo de Sousa, reconhece que “os blogues estão limitados às pessoas com acesso à Internet”. Animador do blogue não oficial de apoio a Jerónimo de Sousa(maislivre.blogspot.com), Tiago Mota Saraiva é de opinião que, apesar de “os blogues não saírem assim tanto para fora da Internet, alguns dos argumentos discutidos na blogosfera acabam por surgir como argumentos dos candidatos”.
Facto que é negado indirectamente por António Rodrigues, assessor de imprensa da campanha do candidato comunista: “Acompanhamos o que dizem os blogues, os dos candidatos e tudo o resto, mas não tem influenciado a campanha, porque neles não há novidade ou razões que o justifiquem, tendo em atenção a cobertura que é feita pelos media”.
Da mesma opinião é Ivan Nunes, membro da comissão política dacandidatura de Mário Soares e colaborador do blogue Super Mário. “Estar na blogosfera é importante para o debate que aí decorre, mas não tem significado quantitativo neste momento. É mais uma fonte de informação, sem gerar em si grandes temas. A opinião tem sido marcada pela imprensa, os blogues digerem e discutem o que passa nessa imprensa”, acrescentou.
“A blogosfera está mais política e está mais presa a uma agenda que não tem capacidade para influenciar”, concluiu Ivan Nunes.
AR.
Lusa/Fim
Lisboa, 08 Jan (Lusa) – Os blogues estão a ter pouco impacto na campanha das presidenciais, os responsáveis pelas candidaturas afirmam estar atentos ao que se discute na Internet, mas revelam que a blogosfera não influencia a agenda dos seus candidatos.
Apesar do surgimento de vários espaços anti-Cavaco e do diálogo entre os blogues de apoio a Cavaco Silva como o Pulo do Lobo (pulo-do-lobo.blogspot.com) e a Mário Soares, Super Mário (mario-super.blogspot.com), às páginas dos jornais não tem chegado quase nada do que se vai discutindo na Internet.
“Falta-nos dar um passo, o de termos mais blogues de cariz jornalístico, capazes de influenciar a vida pública. Em Portugal, é impensável haver blogues financiados pelos leitores como existem nosEstados Unidos. Estamos num plano de formação da capacidade de influência. Ainda falta o profissionalismo”, explica à Agência Lusa Pedro Lomba, colunista do DN e animador do blogue Pulo do Lobo.
Na última campanha presidencial nos Estados Unidos, tanto o partido republicano como o partido democrata reservaram espaço para os principais “bloggers” nos seus congressos e há blogues que marcam aagenda política e noticiosa.
Dan Rather, apresentador do programa “60 Minutes” da cadeia detelevisão norte-americana CBS – transmitido em Portugal pela SICNotícias -, viu-se obrigado a antecipar a sua reforma, depois de umblogue ter denunciado como falsos os documentos apresentados pelo jornalista numa peça sobre o serviço militar de George W. Bush.
“Muitas das discussões mais importantes da pré-campanha passaram mais pela blogosfera do que pela imprensa tradicional. Fiquei surpreendido, porque esperava uma maior visibilidade mediática”, disse à Lusa José Mário Silva, um dos fundadores do Blogue de Esquerda(bde.weblog.com.pt).
“Existe uma relação ambivalente, às vezes até tensa, entre os meios tradicionais e os blogues. Há uma série de micro-causas, como lhe chamou Pacheco Pereira, que são discutidas nos blogues e que não aparecem nos meios tradicionais”, explicou Diogo Vasconcelos, mandatário digital da campanha de Cavaco Silva.
Para o escritor e jornalista Francisco José Viegas, que escreve no Pulo do Lobo, o debate das presidenciais “já foi esgotado na blogosfera”, onde “a campanha, que é muito longa, já acabou”.
“O debate na rua é sobre se Cavaco Silva vai ganhar na primeira volta ou não, na blogosfera esse debate já foi esgotado”, afirma à Lusa, ressalvando, porém, ser “natural que na última semanade campanha haja um regresso das presidenciais à ‘blogosfera’”.
Francisco José Viegas aponta outro pormenor que poderá explicar a situação: “Os candidatos que poderiam aproveitar melhor a ‘blogosfera’, como Manuel Alegre e Francisco Louçã, não o têm feito”.
“Os blogues têm uma função mais de debate, acabam por ser muito participados, mas no fundo não há assim tanta gente que os consulta”, explica a arquitecta Helena Roseta, responsável pelo “site”da candidatura de Manuel Alegre – www.manuelalegre.com.
“O portal é mais importante para nós. Quando não se tem apoio partidário, nem muitos meios, o portal é um instrumento fundamental, pois serve como estrutura da organização. Posso até dizer, que sem o portal esta campanha não seria possível, basta dizer que foi através dele que fizemos a recolha das assinaturas”, acrescentou.
Também a candidatura apoiada pelo Bloco de Esquerda apostou somente no portal de Francisco Louçã (www.franciscopresidente.net).
“Não sentimos necessidade de criar um blogue. Temos espaço no ‘site’ para as notas de campanha e para o acompanhamento do que sai na imprensa. Os blogues semi-oficiais, oficiais ou oficiosos têm funcionado muito mais numa lógica de negação que de apoio”, adiantou Pedro Sales, assessor de imprensa de Louçã, à Lusa.
Nesta campanha surgiram também muitos blogues que “nada têm para oferecer a não ser o ódio intestinal a um dos candidatos”, explica Pedro Lomba.
Nesse aspecto, Cavaco Silva ganha por maioria – Cavaco Fora de Belém (cavacoforabelem.blogspot), Lobo com Pele de Cordeiro (lobo-cordeiro-blogspot.com) e Great Portuguese Disaster 1985-1995(greatportuguesedisaster.blogspot.com) são apenas alguns.
O candidato apoiado pelo PSD e CDS apostou em força naInternet e tem Diogo Vasconcelos como mandatário digital(mandatariodigital.blogspot.com).
“Decidiu-se desde o princípio que a campanha digital era nevrálgica para Cavaco Silva. Por isso, o nosso ‘site’ foi lançado a 10 de Novembro pelo professor com 300 pequenas e médias empresas inovadoras que quiseram demonstrar publicamente o seu apoio à candidatura”, disse à Lusa Diogo Vasconcelos.
Embora, como afirma o apoiante de Cavaco Silva, “os blogues tenham influência crescente na formação de opinião de uma faixa importante de pessoas”, Tiago Mota Saraiva, apoiante de Jerónimo de Sousa, reconhece que “os blogues estão limitados às pessoas com acesso à Internet”. Animador do blogue não oficial de apoio a Jerónimo de Sousa(maislivre.blogspot.com), Tiago Mota Saraiva é de opinião que, apesar de “os blogues não saírem assim tanto para fora da Internet, alguns dos argumentos discutidos na blogosfera acabam por surgir como argumentos dos candidatos”.
Facto que é negado indirectamente por António Rodrigues, assessor de imprensa da campanha do candidato comunista: “Acompanhamos o que dizem os blogues, os dos candidatos e tudo o resto, mas não tem influenciado a campanha, porque neles não há novidade ou razões que o justifiquem, tendo em atenção a cobertura que é feita pelos media”.
Da mesma opinião é Ivan Nunes, membro da comissão política dacandidatura de Mário Soares e colaborador do blogue Super Mário. “Estar na blogosfera é importante para o debate que aí decorre, mas não tem significado quantitativo neste momento. É mais uma fonte de informação, sem gerar em si grandes temas. A opinião tem sido marcada pela imprensa, os blogues digerem e discutem o que passa nessa imprensa”, acrescentou.
“A blogosfera está mais política e está mais presa a uma agenda que não tem capacidade para influenciar”, concluiu Ivan Nunes.
AR.
Lusa/Fim
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