Lições de civilização
Os rumores de que os Estados Unidos utilizam prisões secretas em países terceiros, onde há menos preocupação com os direitos humanos ou menos pressão da imprensa, há muito que se multiplicam para não terem algum fundo de verdade.
Desta vez, no entanto, não é um qualquer país ditatorial ou militarizado como o Paquistão ou Iémen, mas a Polónia (membro da União Europeia) e a Roménia (esperançada em sê-lo), que são apontados pela Human Rights Watch como território dessas penitenciárias secretas onde os Estados Unidos mantêm altos responsáveis da Al-Qaida guardados até ter provas para os julgar (ou até quando lhes apetecer).
O caso da base norte-americana de Guantánamo arrasta-se desde o final da guerra no Afeganistão, sem que ninguém faça nada para o alterar. As denúncias de torturas e prisões arbitrárias multiplicaram-se em relação ao conflito no Iraque. Os governos ocidentais esmeram-se para, no comboio da luta contra o terrorismo, apertar cada vez mais a rede da segurança e do controlo em torno dos seus cidadãos.
Perante isto, como podemos dizer que estamos a ganhar a guerra? Que estamos a conseguir vencer o terrorismo?
Por cada prisioneiro torturado, por cada detido sem culpa formada, por cada caso de violação de direitos humanos, os Estados Unidos não estão só a garantir, perante um esfregar de mãos de contentamento de qualquer fundamentalista de meia-tigela, o fornecimento de mais carne para a fogueira da pseudo-luta religiosa promovida pelos "jihadistas" seguidores dos princípios da Al-Qaida.
Por cada um desses casos em que os Estados Unidos recorrem aos mesmos métodos que um qualquer Saddam Hussein não desdenharia, a Casa Branca encarrega-se de destruir mais um pouco da civilização humanista que este século XX ajudou a talhar depois da II Guerra Mundial - "a guerra para acabar com todas as outras".
Não só a exibição do seu poderio militar de nada serviu (por ser incapaz de ganhar uma guerra, por ser incapaz de garantir a paz), como ainda se tornou contra-producente - a superpotência vista como opressora e ocupante garante oxigénio quase eterno para a revolta e presta-se à diabolização fácil por parte do inimigo.
Os Estados Unidos de Bush e dos neo-conservadores (felizmente, hoje em perda de influência vertiginosa) causou muito mais dano ao mundo pós-Segunda Guerra Mundial e pós-Guerra Fria que o terrorismo da Al-Qaida. E isto quando Bush até conseguiu, logo a seguir ao 11 de Setembro, a maior coligação de forças para perseguir o regime talibã e Bin Laden no Afeganistão.
Os valores da civilização ocidental, que muitos desses que decidem a guerra gostam de usar para a justificar, foram postos em causa. É preciso esperar alguns anos para saber se alguns dos danos não foram irreversíveis.
Desta vez, no entanto, não é um qualquer país ditatorial ou militarizado como o Paquistão ou Iémen, mas a Polónia (membro da União Europeia) e a Roménia (esperançada em sê-lo), que são apontados pela Human Rights Watch como território dessas penitenciárias secretas onde os Estados Unidos mantêm altos responsáveis da Al-Qaida guardados até ter provas para os julgar (ou até quando lhes apetecer).
O caso da base norte-americana de Guantánamo arrasta-se desde o final da guerra no Afeganistão, sem que ninguém faça nada para o alterar. As denúncias de torturas e prisões arbitrárias multiplicaram-se em relação ao conflito no Iraque. Os governos ocidentais esmeram-se para, no comboio da luta contra o terrorismo, apertar cada vez mais a rede da segurança e do controlo em torno dos seus cidadãos.
Perante isto, como podemos dizer que estamos a ganhar a guerra? Que estamos a conseguir vencer o terrorismo?
Por cada prisioneiro torturado, por cada detido sem culpa formada, por cada caso de violação de direitos humanos, os Estados Unidos não estão só a garantir, perante um esfregar de mãos de contentamento de qualquer fundamentalista de meia-tigela, o fornecimento de mais carne para a fogueira da pseudo-luta religiosa promovida pelos "jihadistas" seguidores dos princípios da Al-Qaida.
Por cada um desses casos em que os Estados Unidos recorrem aos mesmos métodos que um qualquer Saddam Hussein não desdenharia, a Casa Branca encarrega-se de destruir mais um pouco da civilização humanista que este século XX ajudou a talhar depois da II Guerra Mundial - "a guerra para acabar com todas as outras".
Não só a exibição do seu poderio militar de nada serviu (por ser incapaz de ganhar uma guerra, por ser incapaz de garantir a paz), como ainda se tornou contra-producente - a superpotência vista como opressora e ocupante garante oxigénio quase eterno para a revolta e presta-se à diabolização fácil por parte do inimigo.
Os Estados Unidos de Bush e dos neo-conservadores (felizmente, hoje em perda de influência vertiginosa) causou muito mais dano ao mundo pós-Segunda Guerra Mundial e pós-Guerra Fria que o terrorismo da Al-Qaida. E isto quando Bush até conseguiu, logo a seguir ao 11 de Setembro, a maior coligação de forças para perseguir o regime talibã e Bin Laden no Afeganistão.
Os valores da civilização ocidental, que muitos desses que decidem a guerra gostam de usar para a justificar, foram postos em causa. É preciso esperar alguns anos para saber se alguns dos danos não foram irreversíveis.
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