08 novembro 2005

Recordações de uma noite

"Aquela noite, na praça, queriamos incentivar Yitzhak Rabin a dar um passo em frente, a ser mais forte e claro. Queriamos recordar-lhe que tinha apoio em Israel, um apoio maior que aqueles que se opunham a ele e que lhe chamavam assassino e traidor. Queriamos recordar-lhe que para conseguir a paz não basta caminhar em direcção ao teu inimigo para o encontrar a meio caminho. Num certo sentido, cada um deve percorrer todo o caminho até chegar aonde está o outro e mergulhar nos medos, nas feridas e na desgraça do seu inimigo. Queriamos gritar-lhe ao ouvido que o processo de paz é um processo reversível, frágil, quase inviável nesta região tão violenta e que, para que tivesse êxito, haveria que actuar algumas vezes contra os temores mais profundos, contra os sofisticados mecanismos de sobrevivência que se foram consolidando depois de tantas guerras."
David Grossman, escritor israelita, in El País