10 janeiro 2006

Mais umas achegas

Caro Rui Branco, ao contrário da inferência que faz desse fatídico quinto parágrafo, algumas ressalvas:

a) pormenor de somenos importância, a busca no Technorati foi feita pelo nome completo, portanto só foram contabilizadas as referências “Cavaco Silva”, “Mário Soares”, “Manuel Alegre”, “Jerónimo de Sousa”, “Francisco Louça” e “Garcia Pereira” para evitar expressões como “dar cavaco” e para tentar reduzir as contabilizações repetidas do mesmo “post” – como disse, pormenores, pois nada disso tem a ver com substrato da sua análise;
b) ao escrever “reflecte, em certa medida, a tendência de voto” “apontada pelas sondagens” quis escrever isso mesmo. Existem sondagens, todas elas dão a vitória a Cavaco Silva, o segundo lugar a Mário Soares ou a Manuel Alegre, o quarto lugar a Jerónimo de Sousa e o quinto a Francisco Louça e o sexto a Garcia Pereira. Portanto, se nesta busca pelo Technorati os resultados colocam as candidatos exactamente pela mesma ordem (a diferença entre Soares e Alegre é curta, tal como nas sondagens ela é curta), então podemos inferir, pelo menos, “em certa medida”, que estes resultados reflectem “a tendência de voto para as eleições de 22 de Janeiro apontada pelas sondagens”. Não é uma afirmação política, nem uma afirmação que pretenda disfarçar interpretação com factos, limita-se a constatar que na busca pelo Technorati (que vale aquilo que vale, nem nunca teve intenção de ser um estudo científico – a referência às 16 horas era exactamente uma salvaguarda para os resultados da minha busca, que, eu sei, nunca poderiam ser considerados, fechados, uma vez que os blogues são imediatos e estão em permanente mutação, o ‘Público’ deveria ter retirado a referência ou actualizado os resultados, pois, logicamente, quando os números foram por eles publicados já não correspondiam à realidade)
c) quanto à relevância ou irrelevância das notícias, posso dizer-lhe, por experiência própria, que, tirando as notícias que são incontornáveis, a hierarquização do noticiário é uma técnica perfeitamente subjectiva e, ao contrário do que afirma, com aquele quinto parágrafo ou sem aquele quinto parágrafo, aquela notícia (aqui divergimos, porque, ao contrário do que escreve, acho que sendo secundária não deixa de ser uma notícia, porque tem informações quantitativas sobre um mundo que se está a tornar cada vez mais importantes, a blogosfera) tem a mesma relevância ou seja pouca. Dar-lhe a importância que lhe deu, transformou-a (muitas vezes, a nossa ânsia de interpretação vê crimes em todas as impressões digitais), porque, se quer que lhe diga, para mim, que nada tenho a ver com o editor que a colocou em página, a notícia serviu apenas um objectivo: tapar aquele espaço.

Os meus cumprimentos,
António Rodrigues

P. S. Recomendo-lhe um artigo muito interessante da “New Yorker” sobre especialistas, interpretações e previsões.