A ditadura do politicamente correcto
A ditadura do politicamente correcto volta a atacar e, mais uma vez, contra o escritor austríaco Peter Handke, alvo da censura da esquerda bem-pensante por ser (Oh, céus!) pró-sérvio e resgatar a figura de Slobodan Milosevic. Desta vez, a questão teve a ver com o prémio alemão Heinrich Heine, transcrevo aqui a notícia da Lusa (de Raul Malaquias Marques) sobre o assunto:
"O escritor austríaco Peter Handke renunciou ao prémio Heinrich Heine, que lhe foi atribuído por um júri independente alemão, na sequência da polémica suscitada pela decisão de vários partidos políticos de bloquearem a dotação económica do galardão. Os partidos em questão fundamentaram o bloqueio na posição pró-sérvia do escritor. Handke deu a conhecer a sua decisão numa carta aberta ao presidente da câmara de Dusseldorf, o democrata-cristão Joachim Erwin, na qual assegura não querer que ele ou a sua obra se vejam expostos “às grosserias” de dirigentes partidários.
O dramaturgo e romancista austríaco afiança que, apesar de toda a polémica, continua disposto a visitar o túmulo de Heine, no cemitério parisiense de Montmartre.
Erwin, por seu lado, deixou claro que lamenta a decisão de Handke de renunciar ao galardão, embora a respeite, depois da “campanha de difamação” de que o autor tem sido alvo nas últimas semanas.
“Este tipo de estigmatização e estas calúnias não têm nada a vercom uma cidade tolerante e aberta” como Dusseldorf, afirma o autarca num comunicado.
Em finais de Maio, o partido social-democrata (SPD), Os Verdes eo Partido Liberal (FDP) anunciaram o seu propósito de impedir a entrega a Handke do prémio Heinrich Heine bloqueando a dotação deste (50.000 euros).
O júri do prémio distinguiu Handke pela sua “obstinada busca da verdade aberta” e a sua defesa, “sem concessões à opinião pública”, de uma perspectiva poética própria do mundo, obstinação que entende constituir uma característica que aproxima o galardoado de Heinrich Heine (1797-1856).
O anúncio da concessão do prémio desencadeou críticas em quadrantes políticos e culturais pela posição pró-sérvia de Handke durante o conflito dos Balcãs. Recentemente, a Comédie Française retirou a obra de Handke“Spiel vom Fragen” da programação prevista para 2007, por o autor ter pronunciado um discurso no enterro do presidente sérvio Slobodan Milosevic.
O Prémio Heine é um dos de mais alto valor pecuniário da Alemanha. A sua entrega estava prevista para 13 de Dezembro.
Já em 1996 Handke “agitara as consciências” na Europa com o seu ensaio “Eine winterliche Reise zu den Flussen Donau, Save, Morava un Drina”, em que afirmava terem sido os sérvios as verdadeiras vítimas da guerra balcânica."
O politicamente correcto encerrou a democracia num canto e aí, de faca na carótida, ameaça a liberdade de pensamento, bem como encafua alguma da esquerda num beco bafiento de onde esta tem problemas de consciência para sair.
Não bastava salientar a estas cabecinhas pensantes que obra e autor são duas coisas distintas (há quem seja capaz de sublimar a beleza em pedaços de prosa de suprema intensidade e insultar quem está a sua volta com atitudes pessoais vergonhosas) é preciso salientar que se as brigadas do politicamente correcto tivessem actuado desta forma ao longo da história, hoje a cultura universal teria perdido muitas das suas vozes, incluindo esse poeta de grandeza universal que é Fernando Pessoa, cujas posições políticas inviabilizariam a representação de qualquer dos seus textos pela Comédie-Française ou a sua escolha para o prémio Heinrich Heine.
"O escritor austríaco Peter Handke renunciou ao prémio Heinrich Heine, que lhe foi atribuído por um júri independente alemão, na sequência da polémica suscitada pela decisão de vários partidos políticos de bloquearem a dotação económica do galardão. Os partidos em questão fundamentaram o bloqueio na posição pró-sérvia do escritor. Handke deu a conhecer a sua decisão numa carta aberta ao presidente da câmara de Dusseldorf, o democrata-cristão Joachim Erwin, na qual assegura não querer que ele ou a sua obra se vejam expostos “às grosserias” de dirigentes partidários.
O dramaturgo e romancista austríaco afiança que, apesar de toda a polémica, continua disposto a visitar o túmulo de Heine, no cemitério parisiense de Montmartre.
Erwin, por seu lado, deixou claro que lamenta a decisão de Handke de renunciar ao galardão, embora a respeite, depois da “campanha de difamação” de que o autor tem sido alvo nas últimas semanas.
“Este tipo de estigmatização e estas calúnias não têm nada a vercom uma cidade tolerante e aberta” como Dusseldorf, afirma o autarca num comunicado.
Em finais de Maio, o partido social-democrata (SPD), Os Verdes eo Partido Liberal (FDP) anunciaram o seu propósito de impedir a entrega a Handke do prémio Heinrich Heine bloqueando a dotação deste (50.000 euros).
O júri do prémio distinguiu Handke pela sua “obstinada busca da verdade aberta” e a sua defesa, “sem concessões à opinião pública”, de uma perspectiva poética própria do mundo, obstinação que entende constituir uma característica que aproxima o galardoado de Heinrich Heine (1797-1856).
O anúncio da concessão do prémio desencadeou críticas em quadrantes políticos e culturais pela posição pró-sérvia de Handke durante o conflito dos Balcãs. Recentemente, a Comédie Française retirou a obra de Handke“Spiel vom Fragen” da programação prevista para 2007, por o autor ter pronunciado um discurso no enterro do presidente sérvio Slobodan Milosevic.
O Prémio Heine é um dos de mais alto valor pecuniário da Alemanha. A sua entrega estava prevista para 13 de Dezembro.
Já em 1996 Handke “agitara as consciências” na Europa com o seu ensaio “Eine winterliche Reise zu den Flussen Donau, Save, Morava un Drina”, em que afirmava terem sido os sérvios as verdadeiras vítimas da guerra balcânica."
O politicamente correcto encerrou a democracia num canto e aí, de faca na carótida, ameaça a liberdade de pensamento, bem como encafua alguma da esquerda num beco bafiento de onde esta tem problemas de consciência para sair.
Não bastava salientar a estas cabecinhas pensantes que obra e autor são duas coisas distintas (há quem seja capaz de sublimar a beleza em pedaços de prosa de suprema intensidade e insultar quem está a sua volta com atitudes pessoais vergonhosas) é preciso salientar que se as brigadas do politicamente correcto tivessem actuado desta forma ao longo da história, hoje a cultura universal teria perdido muitas das suas vozes, incluindo esse poeta de grandeza universal que é Fernando Pessoa, cujas posições políticas inviabilizariam a representação de qualquer dos seus textos pela Comédie-Française ou a sua escolha para o prémio Heinrich Heine.
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