"O petróleo de Chávez está a manter Fidel Castro"
Entrevista com o dissidente cubano Carlos Franqui feita para a Agência Lusa e colocada em linha no sábado passado:
O jornalista e escritor CarlosFranqui, um dos principais dissidentes do regime cubano, defendeu hoje, em entrevista à Agência Lusa, que o regime de Fidel Castro só semantém graças ao petróleo de Hugo Chávez.
“O petróleo de (Hugo) Chávez é que mantém Fidel Castro neste momento”, disse Carlos Franqui, que se encontra de visita a Portugal.
Com a ajuda do petróleo mais barato fornecido pela Venezuela, Fidel Castro vai mantendo em pé um regime que está afundado “numa crise muito grande”, explicou o antigo director da Rádio Rebelde, que durante a luta contra a ditadura de Fulgencio Batista emitia a partir da Sierra Maestra. “A influência de Chávez está a fazer com que Fidel esteja a afastar Raúl Castro (o irmão e até há pouco tempo considerado o seu sucessor natural) no poder, a favor do senhor Roque que lidera uma ofensiva contra o Estado com a ajuda de 30 mil jovens analfabetos”, disse aquele que também foi director jornal clandestino dos rebeldes cubanos: Revolución.
O “senhor Roque” é o ministro de Negócios Estrangeiros, Felipe Pérez Roque, “jovem” de 41 anos que está por trás da ofensiva do governo cubano contra o mercado negro e a economia paralela no país e que usa para isso um exército de “voluntários” defensores da Revolução, como são denominados pelo regime os 30 mil cubanos recrutados para a tarefa. Para Carlos Franqui, o facto de haver “uma crise muito grande em Cuba” está a fazer o governo “temer que haja uma explosão social”, daí o aumento da repressão nos últimos meses.
“Os cubanos são obrigados a viver com menos de um dólar por dia e a caderneta de racionamento só dá para 15 dias. É, por isso, que em Cuba não há cães, nem gatos nas ruas, porque os cubanos se viram obrigados a comê-los. Tal como comeram os animais do jardim zoológico”, declarou Franqui.
“Até há o hábito de cortar as cordas vocais aos porcos para evitar que guinchem quando estão a ser roubados”, disse ainda.
Quem sofre também com a situação são os dissidentes internos: “A repressão é muito grande e os opositores pacíficos já não podem sequer sair de casa e até lhes cortaram os telefones para que não possam comunicar com o exterior”, acrescentou.
No meio desta crise profunda, de acordo com Franqui, chegou a notícia a Cuba de que a revista norte-americana Forbes tinha incluído Fidel Castro na lista dos homens mais ricos do mundo.
Segundo Franqui, a notícia não terá sido “uma surpresa para os cubanos”, pois estão habituados a que Cuba seja “uma quinta” e Fidel Castro seja “o dono dessa quinta”.
O regime cubano “tem hoje muito do que seria a negação de uma revolução: a revolução deveria ser a criação e não a destruição”, sintetizou.
Carlos Franqui, de 84 anos, que acabou de lançar em Espanha o seu livro de memórias “Cuba, la Revolución: Mito o Realidad?”, saiu de Cuba para o exílio em 1968 e nunca mais regressou.
Actualmente, reside em Porto Rico, mas continua a trabalhar em prol da mudança no seu país.
“Sei que um dia Cuba será livre. Não sei se estarei vivo quando isso acontecer, mas, como disse Dante Alighieri, ‘duas vezes estive exilado e não sei se regressarei vivo, mas sei que algum dia o meu lado triunfará’”, confessou.
Apelidando de “tragédia” o facto de ter sido convidado por Fidel Castro para participar numa revolução que lhe “destruiu o país”, Carlos Franqui veio a Portugal para se encontrar com alguns políticos portugueses e alertá-los para a situação cubana.
“É importante que quem luta em Cuba contra o regime sinta a solidariedade dos portugueses com a sua luta. O facto de se denunciarem em Portugal os crimes do regime cubano ajuda muito a luta pela liberdade”, explicou.
“Cuba, la Revolución: Mito o Realidad?” foi editado em Espanha e proximamente sairá em Itália.
Em relação a uma edição portuguesa, Franqui tem “esperança” de que tal possa vir a acontecer.
“Já tenho um livro traduzido em português, mas no Brasil, trata-se de ‘Retrato de Família’, espero que este possa ser o primeiro a sair em Portugal”, afirmou.
“Retrato de Família com Fidel” saiu no Brasil com a chancela da editora Record em 1981.
O jornalista e escritor CarlosFranqui, um dos principais dissidentes do regime cubano, defendeu hoje, em entrevista à Agência Lusa, que o regime de Fidel Castro só semantém graças ao petróleo de Hugo Chávez.
“O petróleo de (Hugo) Chávez é que mantém Fidel Castro neste momento”, disse Carlos Franqui, que se encontra de visita a Portugal.
Com a ajuda do petróleo mais barato fornecido pela Venezuela, Fidel Castro vai mantendo em pé um regime que está afundado “numa crise muito grande”, explicou o antigo director da Rádio Rebelde, que durante a luta contra a ditadura de Fulgencio Batista emitia a partir da Sierra Maestra. “A influência de Chávez está a fazer com que Fidel esteja a afastar Raúl Castro (o irmão e até há pouco tempo considerado o seu sucessor natural) no poder, a favor do senhor Roque que lidera uma ofensiva contra o Estado com a ajuda de 30 mil jovens analfabetos”, disse aquele que também foi director jornal clandestino dos rebeldes cubanos: Revolución.
O “senhor Roque” é o ministro de Negócios Estrangeiros, Felipe Pérez Roque, “jovem” de 41 anos que está por trás da ofensiva do governo cubano contra o mercado negro e a economia paralela no país e que usa para isso um exército de “voluntários” defensores da Revolução, como são denominados pelo regime os 30 mil cubanos recrutados para a tarefa. Para Carlos Franqui, o facto de haver “uma crise muito grande em Cuba” está a fazer o governo “temer que haja uma explosão social”, daí o aumento da repressão nos últimos meses.
“Os cubanos são obrigados a viver com menos de um dólar por dia e a caderneta de racionamento só dá para 15 dias. É, por isso, que em Cuba não há cães, nem gatos nas ruas, porque os cubanos se viram obrigados a comê-los. Tal como comeram os animais do jardim zoológico”, declarou Franqui.
“Até há o hábito de cortar as cordas vocais aos porcos para evitar que guinchem quando estão a ser roubados”, disse ainda.
Quem sofre também com a situação são os dissidentes internos: “A repressão é muito grande e os opositores pacíficos já não podem sequer sair de casa e até lhes cortaram os telefones para que não possam comunicar com o exterior”, acrescentou.
No meio desta crise profunda, de acordo com Franqui, chegou a notícia a Cuba de que a revista norte-americana Forbes tinha incluído Fidel Castro na lista dos homens mais ricos do mundo.
Segundo Franqui, a notícia não terá sido “uma surpresa para os cubanos”, pois estão habituados a que Cuba seja “uma quinta” e Fidel Castro seja “o dono dessa quinta”.
O regime cubano “tem hoje muito do que seria a negação de uma revolução: a revolução deveria ser a criação e não a destruição”, sintetizou.
Carlos Franqui, de 84 anos, que acabou de lançar em Espanha o seu livro de memórias “Cuba, la Revolución: Mito o Realidad?”, saiu de Cuba para o exílio em 1968 e nunca mais regressou.
Actualmente, reside em Porto Rico, mas continua a trabalhar em prol da mudança no seu país.
“Sei que um dia Cuba será livre. Não sei se estarei vivo quando isso acontecer, mas, como disse Dante Alighieri, ‘duas vezes estive exilado e não sei se regressarei vivo, mas sei que algum dia o meu lado triunfará’”, confessou.
Apelidando de “tragédia” o facto de ter sido convidado por Fidel Castro para participar numa revolução que lhe “destruiu o país”, Carlos Franqui veio a Portugal para se encontrar com alguns políticos portugueses e alertá-los para a situação cubana.
“É importante que quem luta em Cuba contra o regime sinta a solidariedade dos portugueses com a sua luta. O facto de se denunciarem em Portugal os crimes do regime cubano ajuda muito a luta pela liberdade”, explicou.
“Cuba, la Revolución: Mito o Realidad?” foi editado em Espanha e proximamente sairá em Itália.
Em relação a uma edição portuguesa, Franqui tem “esperança” de que tal possa vir a acontecer.
“Já tenho um livro traduzido em português, mas no Brasil, trata-se de ‘Retrato de Família’, espero que este possa ser o primeiro a sair em Portugal”, afirmou.
“Retrato de Família com Fidel” saiu no Brasil com a chancela da editora Record em 1981.
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