Sobre a crítica
Sinto-me a chegar tarde à polémica desatada por João Pedro George. Mesmo assim, venho apenas para ressaltar a confusão: o que é que a crítica literária tem a ver com a amizade? O que é que as relações pessoais entre os críticos e os autores têm a ver com a obra em si? A confusão está no ponto de partida: a desonestidade intelectual. Só se aceitarmos que todos somos desonestos intelectualmente poderemos obrigar-nos a reger a pena pela máxima da mulher de César. Os nossos amigos são os nossos amigos. Independentemente das obras que possam criar ou pelas obras que possam criar. No primeiro caso, uma crítica boa ou má não modifica a condição; no segundo, quando a amizade surge por virtude da obra, o mais provável é que o crítico siga elogiando a obra do autor de quem se tornou amigo - ou não, o que também não muda a condição. O que está em causa é a honestidade, não a amizade.
Se os amigos se perdem por causa de uma crítica dura, bem fundamentada e intelectualmente honesta, não valiam a pena. Se os amigos solicitam panegíricos mais valia estarem calados - embora o ego, como sabemos, seja como os gatos, independente, arisco, às vezes ufano, outras a necessitar de uma mãozinha a passar pelo pêlo.
Se os amigos se perdem por causa de uma crítica dura, bem fundamentada e intelectualmente honesta, não valiam a pena. Se os amigos solicitam panegíricos mais valia estarem calados - embora o ego, como sabemos, seja como os gatos, independente, arisco, às vezes ufano, outras a necessitar de uma mãozinha a passar pelo pêlo.
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