Chico Buarque
Chico Buarque tem disco novo ("Carioca") e anda pelo Mundial da Alemanha a ver futebol. Deu uma entrevista ao "El País" de hoje: aqui estão alguns excertos.
"Dedicar o disco ao Rio de Janeiro foi planeado?
Percebi que a cidade estava muito presente quando o estava a terminar e decidi pôr-lhe esse título. Carioca era a minha alcunha quando viva em São Paulo, por isso é que digo que é uma homenagem a São Paulo.
Não parece nostálgico do Rio de outro tempo?
Falo do Rio de agora, com a sua beleza e as suas feridas e de esses subúrbios que não contam para nada. Quando digo que os subúrbios não aparecem no mapa, estou a falar a sério. Fui comprar um mapa da cidade perto de minha casa e só tinha a zona sul e o centro até ao Maracanã. Algumas favelas não estão nas colinas e são grandes cidades-dormitório, sem qualquer encanto, mas aín nasceu o choro, o samba...
A sua produção parece cada vez menos prolífica...
Tornei-me menos entusiasta e mais exigente. O meu tempo de criação aumentou. O que é um perigo, porque o tempo que me resta de vida vai-se reduzindo à medida que o tempo de criação vai aumentando cada vez mais, assim que não sei... Não sei quantos livros ou discos tenho ainda pela frente, mas acho que serão poucos...
A última canção do disco, "Imagina", é uma valsa de Antônio Carlos Jobim, talvez o mais carioca dos grandes compositores.
Lembrei-me dessa canção que sempre tive vontade em gravar e que, por uma razão ou outra, nunca entrava nos discos. Escrevi a letra em 1983 para o filme "Para Viver um Grande Amor" (Miguel Faria Jr.). Muitos anos depois, quando ele (Jobim) já tinha morrido, soube que tinha sido a sua primeira composição. Escreveu-a em 1947 para uma classe de piano e a professora, ao ouvi-la, disse-lhe: 'Você não vai ser pianista, não, vai ser compositor.'"
"Dedicar o disco ao Rio de Janeiro foi planeado?
Percebi que a cidade estava muito presente quando o estava a terminar e decidi pôr-lhe esse título. Carioca era a minha alcunha quando viva em São Paulo, por isso é que digo que é uma homenagem a São Paulo.
Não parece nostálgico do Rio de outro tempo?
Falo do Rio de agora, com a sua beleza e as suas feridas e de esses subúrbios que não contam para nada. Quando digo que os subúrbios não aparecem no mapa, estou a falar a sério. Fui comprar um mapa da cidade perto de minha casa e só tinha a zona sul e o centro até ao Maracanã. Algumas favelas não estão nas colinas e são grandes cidades-dormitório, sem qualquer encanto, mas aín nasceu o choro, o samba...
A sua produção parece cada vez menos prolífica...
Tornei-me menos entusiasta e mais exigente. O meu tempo de criação aumentou. O que é um perigo, porque o tempo que me resta de vida vai-se reduzindo à medida que o tempo de criação vai aumentando cada vez mais, assim que não sei... Não sei quantos livros ou discos tenho ainda pela frente, mas acho que serão poucos...
A última canção do disco, "Imagina", é uma valsa de Antônio Carlos Jobim, talvez o mais carioca dos grandes compositores.
Lembrei-me dessa canção que sempre tive vontade em gravar e que, por uma razão ou outra, nunca entrava nos discos. Escrevi a letra em 1983 para o filme "Para Viver um Grande Amor" (Miguel Faria Jr.). Muitos anos depois, quando ele (Jobim) já tinha morrido, soube que tinha sido a sua primeira composição. Escreveu-a em 1947 para uma classe de piano e a professora, ao ouvi-la, disse-lhe: 'Você não vai ser pianista, não, vai ser compositor.'"
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