Chernobyl e a guerra dos números
Cientistas russos minimizaram hoje oimpacto do acidente da central nuclear de Tchernobyl, apesar de passados 20 anos o número de cancros da tiróide continuar a aumentar na região, segundo a Cruz Vermelha Internacional.
"Em comparação com as radiações causadas por Tchernobyl, as outras consequências do acidente, como o stress psicológico crónico, a alteração das condições de vida, as perdas materiais, representaram para os habitantes um problema mais importante", disse em Moscovo o directo do Instituto dos Problemas de Desenvolvimento da Energia Atómica, Igor Lingué.
Durante uma conferência de imprensa, Lingué explicou que "em 60.000 pessoas, apenas 5.000 morreram em 20 anos" e "os indicadores de mortalidade dos 'liquidadores' (bombeiros, soldados e civis enviados a Tchernobyl para suster o incêndio do reactor) não ultrapassam os números referentes à população masculina russa".
A Cruz Vermelha Internacional lembrou hoje em Genebra que os estudos científicos vaticinam que o cancro da tiróide continuará a representar um grave problema de saúde pública nas regiões afectadas pelas explosões e posterior incêndio no reactor número quatro da central nuclear de Tchernobyl a 26 de Abril de 1986.
O 20º aniversário do acidente está a criar uma polémica em torno das consequências do desastre. As principais zonas atingidas pela nuvem de partículas radioactivas libertada pelo acidente ficam na Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, embora a massa de ar tenha alcançado também a Ásia e uma parte da Europa.
Desde 1997, um programa especial da ONU de assistência às vítimas detectou 1.120 casos de cancro da tiróide, embora apenas dois casos tenham sido mortais.
Enquanto os números oficiais das Nações Unidas e da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam para um total de 4.000 mortos em consequência do desastre, várias organizações discordam e colocam o número de vítimas num patamar superior.
A organização ecologista Greenpeace divulgou hoje um relatório em que afirma que o desastre na central nuclear soviética causou cerca de 200.000 mortos na Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.
Criticando a ONU por "minimizar conscientemente" as consequências da catástrofe, a Greenpeace apelida de "muito realista" um estudo publicado este ano pela Academia das Ciências russa, segundo o qual, desde Tchernobyl, se registaram nos referidos três países 270.000 casos suplementares de cancro - casos que só surgiram devido à catástrofe -, que se traduzirão, no total, numas 93.000 mortes.
A Sociedade Francesa de Energia Nuclear (SFEN), uma organização que agrupa 4.000 investigadores, engenheiros e médicos, a maior parte deles a trabalhar no sector nuclear, discorda da Greenpeace e subscreve os números adoptados pela ONU.
"Os dados compilados" pela OMS " constituem a soma mais completa jamais feita sobre as consequências do acidente", lê-se no relatório da associação francesa.
"As avaliações feitas depois do acidente (…) dando conta de 300.000, até de 500.000 mortos entre as populações (…) não assentam em nenhuma base credível e estão desprovidos de credibilidade", acrescenta a SFEN. Os dados da ONU mostram que sete milhões de pessoas ainda habitam nas áreas mais atingidas, onde os especialistas acreditam que os efeitos da radioactividade se sentirão durante mais alguns anos.
Texto do autor feito para a Agência Lusa
"Em comparação com as radiações causadas por Tchernobyl, as outras consequências do acidente, como o stress psicológico crónico, a alteração das condições de vida, as perdas materiais, representaram para os habitantes um problema mais importante", disse em Moscovo o directo do Instituto dos Problemas de Desenvolvimento da Energia Atómica, Igor Lingué.
Durante uma conferência de imprensa, Lingué explicou que "em 60.000 pessoas, apenas 5.000 morreram em 20 anos" e "os indicadores de mortalidade dos 'liquidadores' (bombeiros, soldados e civis enviados a Tchernobyl para suster o incêndio do reactor) não ultrapassam os números referentes à população masculina russa".
A Cruz Vermelha Internacional lembrou hoje em Genebra que os estudos científicos vaticinam que o cancro da tiróide continuará a representar um grave problema de saúde pública nas regiões afectadas pelas explosões e posterior incêndio no reactor número quatro da central nuclear de Tchernobyl a 26 de Abril de 1986.
O 20º aniversário do acidente está a criar uma polémica em torno das consequências do desastre. As principais zonas atingidas pela nuvem de partículas radioactivas libertada pelo acidente ficam na Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, embora a massa de ar tenha alcançado também a Ásia e uma parte da Europa.
Desde 1997, um programa especial da ONU de assistência às vítimas detectou 1.120 casos de cancro da tiróide, embora apenas dois casos tenham sido mortais.
Enquanto os números oficiais das Nações Unidas e da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam para um total de 4.000 mortos em consequência do desastre, várias organizações discordam e colocam o número de vítimas num patamar superior.
A organização ecologista Greenpeace divulgou hoje um relatório em que afirma que o desastre na central nuclear soviética causou cerca de 200.000 mortos na Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.
Criticando a ONU por "minimizar conscientemente" as consequências da catástrofe, a Greenpeace apelida de "muito realista" um estudo publicado este ano pela Academia das Ciências russa, segundo o qual, desde Tchernobyl, se registaram nos referidos três países 270.000 casos suplementares de cancro - casos que só surgiram devido à catástrofe -, que se traduzirão, no total, numas 93.000 mortes.
A Sociedade Francesa de Energia Nuclear (SFEN), uma organização que agrupa 4.000 investigadores, engenheiros e médicos, a maior parte deles a trabalhar no sector nuclear, discorda da Greenpeace e subscreve os números adoptados pela ONU.
"Os dados compilados" pela OMS " constituem a soma mais completa jamais feita sobre as consequências do acidente", lê-se no relatório da associação francesa.
"As avaliações feitas depois do acidente (…) dando conta de 300.000, até de 500.000 mortos entre as populações (…) não assentam em nenhuma base credível e estão desprovidos de credibilidade", acrescenta a SFEN. Os dados da ONU mostram que sete milhões de pessoas ainda habitam nas áreas mais atingidas, onde os especialistas acreditam que os efeitos da radioactividade se sentirão durante mais alguns anos.
Texto do autor feito para a Agência Lusa
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home