29 julho 2006

A sombra de Sharon


Depois de 18 dias de ofensiva israelita no Líbano e 23 dias de ofensiva na Faixa de Gaza o que é que o Governo de Ehud Olmert conseguiu? Pouco, muito pouco. Mais, se pensarmos que tem contribuído para tornar a maioria das pessoas nostálgicas em relação a Ariel Sharon, em estado vegetativo desde Janeiro e cujo estado do corpo se deteriorou ainda mais esta semana. Olmert é um primeiro-ministro fraco de um Governo de transição, alguém que chegou à chefia do partido e do Executivo em virtude da doença súbita do seu general. Sharon, o falcão, tinha ascendente sobre as chefias militares, sabia bem o que era uma invasão do Líbano, e sabia que a sobrevivência de Israel depende da força que demonstra aos seus vizinhos e inimigos e da aura de exército invencível que lhe vem das várias guerras das quais saiu vitorioso desde a criação do Estado de Israel em 1948. Ora, 18 dias depois do início da sua ofensiva militar contra o Líbano, uma semana depois de ter enviado milhares de soldados e tanques para a zona de fronteira num destacamento que parecia antecipar uma ofensiva terrestre em grande escala, as acções militares de Israel ainda não conseguiram impedir que o Hezbollah continuasse a disparar contra território israelita, o seu exército não controla o sul do Líbano como em 1982, os soldados israelitas sequestrados continuam na mão do movimento xiita libanês sem que, aparentemente, Telavive saiba onde estão, e o conflito tem-se revelado um desastre em termos de relações públicas. A ponto de os Estados Unidos, os únicos que continuam a apoiar Israel em quaisquer circunstâncias, se ter visto obrigado a enviar Condoleezza Rice de volta ao Médio Oriente já hoje e com a perspectiva de um cessar-fogo em cima da mesa. O que Israel pretendia com esta ofensiva parece incapaz de conseguir e Olmert está a perceber da pior maneira a velha máxima de que a guerra é demasiado importante para ser deixada na mão dos militares. E por mais que os tanques estrebuchem e os israelitas mostrem, pelas sondagens, apoiar esta guerra, Olmert continua a parecer um líder fraco e a prazo. Por sobre a cabeça do veterano político proveniente da extrema-direita, casado com uma comunista, continuará a pairar a sombra de Sharon, ligado às máquinas...

27 julho 2006

A cabeçada de Zidane é um êxito de Verão


A cabeçada de Zidane na final do Mundial deste ano virou canção e ainda por cima já se tornou um êxito de Verão. Chama-se "Coup de Boule" (cabeçada em francês), foi escrita em meia hora e até tem videoclip. Para quem quiser, aqui fica o endereço para ouvir (e ver) o êxito.

24 julho 2006

O cheirinho do oxigénio

Michael Jackson tinha (e ainda deve ter) uma câmara de oxigénio pessoal para inspirar apenas do mais puro e livrar-se da poluição que lhe poderia afectar a saúde - a física, porque a mental parece definitivamente afectada. Agora há uma maquininha que está a ser um sucesso nos escritórios, o oxygen bar. É, basicamente, uma máquina de oxigénio a 90 por cento portátil , mas com o pormenor de ter cheirinho. E a julgar pela foto (da AFP, retirada do site da BBC) há quatro aromas à disposição dos trabalhadores que pretendam recuperar mais rapidamente do cansaço de tantas horas a trabalhar. Vai um cheirinho...

O "imã" escondido

De uma entrevista do "Público" de hoje ao director do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS) francês, Pascal Boniface.

"O Irão é o grande vencedor da política americana na região?
Podemos mesmo dizer que o George Bush é o 'imã escondido' de Teerão! Bush fez muito mais para a grandeza e o poderio regional do Irão do que qualquer dirigente iraniano num período recente. Entre outras coisas, o Irão saiu mais poderoso das guerras no Iraque e no Afeganistão, sem ter participado nelas, porque deixou de ter inimigos nesses países. E, infelizmente, no mesmo período, a política americana não foi alheia ao reforço dos elementos mais radicais e hostis ao Ocidente no Irão."

20 julho 2006

Inocência e culpa


Cartoon de Forges para a edição de hoje do "El País".

O "Público" - lazer e nostalgia

Demontrando que a sua secção de Media é o grande exemplo de como o "Público" de hoje é um jornal refundado, de referência e sempre interessado em dar algum humor aos seus leitores (obrigado José Manuel Fernandes!), a edição de hoje inventou uma nova técnica de impressão com "raios lazer" que faz o lead da peça principal da secção. Ora estes "raios lazer", provenientes de um "complexo sistema" que "deixa uma marca ultrafina que não pode ser apagada", demonstram que também o "Público" nos deixa todos os dias "uma marca ultrafina que não pode ser apagada"... não sabemos é se esta não tem a ver com nostalgia... Um jornal que antes era, hoje já nem pode pretender ser...

13 julho 2006

As traduções do "Público"

De acordo com o jornal "Público" de hoje, num pequeno texto que acompanha uma matéria sobre a crise dos jornais franceses na página de "Media", o diário "France Soir", um dos que está em crise, tinha recebido uma proposta de compra "em Março último" de um "mercador de canhões russo (sic)". Um mercador de canhões russo?! E vem directamente da Idade Média? O jornal passará a ser histórico? E terá uma secção dedicada à rota das Índias? E aos mercadores de Veneza? Graça aparte, a página dos "Media" do "Público" é useira e vezeira nestas traduções hilariantes, sinal de que o nível de qualidade daquele que foi o melhor jornal português durante alguns desceu abruptamente nos últimos anos, principalmente desde que esse baluarte do jornalismo que é José Manuel Fernandes assumiu a sua direcção. Está na hora de, e aproveitando as palavras recentes do próprio, do jornal fazer a sua "refundação", de preferência sem o actual director.

12 julho 2006

Mangualde connection

Notícia de hoje da Agência Lusa.

«A GNR anunciou hoje a detenção de um homem de 32 anos que mantinha uma plantação de pés de liamba em pleno centro da cidade de Mangualde. Segundo fonte da GNR de Mangualde "o homem foi detido numa altura em que estava a regar os pés de liamba". "Eram apenas três pés, mas ao ar livre, em plenocentro da cidade", acrescentou.
A detenção foi levada a cabo pelo Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Mangualde, na segunda-feira à tarde, "na sequência de uma denúncia, feita há algum tempo", referiu a mesma fonte. Após buscas na residência do homem de 32 anos, foram apreendidas 11,4 gramas de semente de cannabis e 39,7 gramas de cânhamo. O homem foi presente a tribunal na terça-feira, ficando sujeito a termo de identidade e residência.»

11 julho 2006

A inspiração do exército russo


Depois do anúncio da morte de Chamil Bassaiev, o "inimigo número um" da Rússia, no site do Pravda aparece esta senhora como sendo o símbolo sexual do Exército Russo. Uma inspiração para a luta contra o inimigo checheno que pretende esconder as mulheres (e a fantasia) por trás de tendas negras que escondam o corpo. Já agora, a rapariga chama-se Dana Borisova e se quiser ver o resto das fotografias, pode vê-las aqui.

06 julho 2006

A nudez de Sofia Loren


A revista "Gente" começou a especular e toda a gente foi atrás. De acordo com a revista, Sofia Loren tinha aceite posar nua para o célebre calendário da Pirelli. A actriz italiana, ícone sexual nos anos 50 e 60, nunca tinha posado nua e mesmo nu parcial somente em as "Duas Noites de Cleópatra", de Mario Mattoli em 1953, naquele que foi o seu primeiro grande papel no cinema (foto acima). Por isso, ao se especular que iria aparecer nua aos 71 anos alimentou logo as rotativas. Afinal, tudo não passa de especulações. Sofia Loren vai aparecer na capa do calendário da Pirelli de 2007, mas vestida com "um magnífico vestido de noite", disse o seu agente, Carlo Giusti.

05 julho 2006

O Caso Handke

Um texto da Agência Lusa sobre o caso da censura que envolve o escritor austríaco Peter Handke.

"O escritor austríaco Peter Handke foi nas últimas semanas alvo de duas decisões censórias da parte de instituições culturais europeias, não por qualquer texto que tivesse escrito, mas por ter publicamente defendido posições pró-sérvias.
No primeiro caso, a Comédie Française retirou da sua programação uma peça de teatro de Handke que deveria subir à cena em 2007.
No segundo caso, os protagonistas foram três partidos alemães – os Verdes, os Social-democratas e os Liberais -, que bloquearam a dotação (50.000 euros) do prémio Heinrich Heine com que a câmara municipal de Dusseldórfia o distinguira.Houve, prontamente, na Áustria, França e Alemanha, reacções de apoio e reacções de condenação. Em Portugal, que pensam, do que aconteceu, dramaturgos e directores de companhias de teatro?" Continua aqui.

Peso d'ouro

Keira Knightley, aqui com um decote generoso na estreia de "Os Piratas das Caraíbas II", anda a reclamar com os jornalistas que falam muito sobre o seu peso, mas a julgar pela quantidade de ossos que se conseguem apreciar à vista desarmada, a rapariga não anda propriamente a banquetear-se...
A foto é de Dave Hogan para a Getty Images

03 julho 2006

O Desastre do Iraque III

Mais uma da entrevista de Larry Diamond ao "El País":

"Pode o Iraque converter-se, como foi o Afeganistão nos anos 80 e 90, numa fonte de terrorismo para o resto do mundo?
Não é uma hipótese: será, é. Os jihadistas que responderam à chamada da guerra santa vieram de muitos lugares, inclusivamente desde a Europa. Estão a ser treinados, doutrinados e vão levar isso para a Europa e para os Estados Unidos. Vai haver uma nova geração de terroristas que terão armas e motivos. Iraque já provocou umas profundas e terríveis consequências em matéria de segurança para a Europa e os Estados Unidos."

Desastre do Iraque II

Ainda na mesma entrevista de Larry Diamond:

"Não creio que haja uma solução (para o Iraque), acho que os Estados Unidos estão a viver o pior pesadelo externa que alguma vez vi na minha vida e isso inclui o Vietname. É verdade que no Vietname morreram mais norte-americanos, mas sempre houve uma solução que não fosse uma ameaça para a segurança do nosso país: negociar uma saída das tropas. O Iraque converteu-se no que não era antes da Administração de Bush, com tanta arrogância e imprudência, ter invadido o país em Março de 2003. É um refúgio para o terrorismo internacional que, inclusivamente depois da morte de Al-Zarqawi, pode desestabilizar os seus vizinhos e provocar uma guerra regional; é uma fonte de instabilidade para Estados Unidos e Europa, mas uma retirada com um calendário de seis meses faria com que o Iraque se precipitasse numa guerra civil total."

O desastre do Iraque

Larry Diamond, professor da Universidade de Stanford, ex-assessor do Governo dos Estados Unidos para o Iraque, é cáustico e directo na forma como classifica a invasão do Iraque pelas forças norte-americanas numa entrevista publicada hoje pelo diário "El País":

"Acho que a guerra foi um erro colossal. A falta de preparação, a incompetência, a ineficácia a tantos níveis da Administração de Bush fez com que agora estejamos a lutar para que o Iraque não acabe por se converter num desastre total, seguramente o pior desastre externo da história dos Estados Unidos. Não acho que a democracia seja um objectivo realista no Iraque, talvez possamos chegar a algum tipo de semi-democracia. Não tenho a certeza de que alguma vez tenha sido possível. Talvez sim, mas só se tivessemos feito tudo de forma correcta desde a primeira hora, o que implicava ter mais forças militares desde o princípio, pelo menos o dobro. Era preciso um plano substancialmente diferente. O plano da Admnistração Bush era entregar o Poder a uma série de exilados iraquianos e a outros que já tínhamos pré-seleccionado. A ideia era criar um país pró-americano, pró-Israel... Era uma fantasia incrível."

Indecência





Apesar das modelos aparecerem pudicamente vestidas e não mostrarem mais do que os ombros e as pernas, o director da edição indonésia da "Playboy" e as suas modelos podem vir a ser processados e condenados por indecência no maior país muçulmano do mundo. Mesmo tendo em conta que pode ir parar à prisão, o director da revista deve estar contentíssimo pela publicidade. Usar a força da justiça contra uma publicação eleva-lhe a condição e aumenta as vendas... Para perceberem o quão vestidas aparecem as moçoilas nas páginas da revista, aqui ficam duas fotografias, cortesia do blog The Jawa Report.