26 maio 2006

Predrag Matvejevic

O escritor croata, professor de Estudos Eslavos na Universidade de Roma, publicou no El País de 25 de Maio, um texto sobre a independência do Montenegro.

"Uma vez mais - e Deus sabe quantas vezes já aconteceu - muda o mapa geopolítico dos Balcãs. Novamente, um membro separa-se do conjunto e este mesmo conjunto mostra uma vez mais que era mais frágil do que pensava. Em Podgorica, os «independentistas» fazem ondear as bandeiras montenegrinas com uma águia bicéfala sobre fundo vermelho escuro. A vitória é exígua, três ou quatro décimos além do umbral de 55% estabelecido pelos organismos internacionais que mais ou menos governam em grande parte da ex-Jugoslávia, reduzida mais ou menos a um protectorado, um protectorado quase necessário em alguns destes espaços para manter a paz. Tendo em atenção a maioria com que o Presidente dos Estados Unidos foi eleito ou essa que com tanta dificuldade prevaleceu em Itália, a maioria montenegrina de mais de oito por cento parece imponente.
Conclui-se desta forma um processo iniciado no princípio dos anos 90 do século passado com a separação, primeiro da Eslovénia e Croácia, e finalmente também da Bósnia-Herzegovina, Macedónia e Kosovo. Neste momento não existem as condições necessárias para que exista uma nova comunidade estatal semelhante ao que foi a ex-Jugoslávia. Talvez só a entrada destes espaços na União Europeia propicie uma ocasião semelhante, mas para a maior parte dos eslavos meridionais, esse momento está ainda muito longe. Infelizmente. A Jugoslávia estava, do ponto de vista político, social e também cultural, muito à frente dos outros países da Europa de Leste que entraram na União Europeia. Continua a ter um nível muito superior à Roménia e à Bulgária, que estão quase a entrar. Os senhores da guerra recusaram a possibilidade (oferecida em nome da União Europeia pelo seu presidente, Jacques Delors) de aceitar uma ajuda que permitiria solucionar alguns problemas económicos e depois entrar imediatamente na União. Nós, os poucos intelectuais que não nos rendemos ao nacionalismo aos nacionalismos e que apoiámos esta solução, éramos considerados «traidores», pagos pelos «agentes estrangeiros». E agora, talvez, tenhamos de perder meio século até que os habitantes destas zonas se encontrem todos juntos num ambiente europeu ao qual efectivamente pertencem. Porque, no final de contas, os Balcãs foram noutro tempo o berço da Europa e da sua antiga democracia.
É como se se confirmasse uma vez mais a saída humorística e cínica de Chruchill, dita em algum sítio de Itália durante a II Guerra Mundial num encontro com Tito: «As terras balcânicas produzem mais história do que aquela que podem consumir». Os «unionistas» de origem montenegrina, dos quais uma grande parte vive na Sérvia com os nacionalistas sérvios, acusam cada vez mais Tito de ter reconhecido depois da II Guerra Mundial numerosas nacionalidades; pelo contrário, os macedónios, os muçulmanos bósnios e grande parte dos montenegrinos (os independentistas) agradecem-lhe por isso.
O pequeno Montenegro existia como um Estado e um reino antes da Jugoslávia. Também foi um símbolo da resistência contra o império otomano, que não logrou dominar este povo rebelde das montanhas balcânicas, uma espécie de pequeno Piamonte dos eslavos meridionais. E foi este Montenegro que sacrificou a sua independência e a sua autonomia em prol da reunificação dos «irmãos eslavos do Sul» quando se criou a primeira Jugoslávia. Durente muito tempo, no séculos passados, os sérvios e os montenegrinos, ambos cristãos ortodoxos, consideraram-se um povo ou uma nação. Hoje são uma minoria, os montenegrinos «unionistas» que continuam a pensar assim. Não duvido da sinceridade deles. Mas também precisamos de nos colocar na pele dos montenegrinos «independentistas» que foram empurrados por Milosevic e a sua Sérvia para uma comprometedora e humilhante aventura, ao bombardear Dubrovnik e conquistar o território que a rodeia. E que, por isso, tenham sofrido vergonha e culpa. Também eles são - à sua maneira - sinceros.
Os que presenciaram e interpretaram a desagregação da Jugoslávia como consequência do velho cisma cristão que já dividiu este espaço europeu no século XI (ocorrido oficialmente no ano 1054) vêem-se agora desmentidos. Ao contrário dos croatas e eslovenos, católicos, ou dos bósnios, na sua maioria muçulmanos, os montenegrinos pertencem à mesma fé dos sérvios. Ao analisar a história deste espaço, devem modificar-se alguns estereótipos.
No mapa geopolíticos dos balcãs restam outros problemas que a separação de Montenegro e Sérvia podem agravar ferozmente. Deve-se solucionar o problema crucial do Kosovo, onde se encontra uma maioria de 90% de habitantes de origem albanesa, mas onde os monumentos de cultura e fé são de origem sérvio. Também resta a dramática questão da República sérvia (Srpska) na Bósnia-Herzegovina: a Bósnia não pode funcionar como um verdadeiro Estado enquanto tenha outro Estado no seu interior, nascido da agressão e da limpeza étnica de Karadzic e de Mladic, dois criminosos de guerra investigados pelo Tribunal de Haia. Isto impede o funcionamento e o desenvolvimento do Estado bósnio. Aconteça o que acontecer com isto, dentro de umas semanas a equipa de futebol sérvia-montenegrina apresentar-se-á pela última vez composta por montenegrinos e sérvios.
O território produz realmente «mais história do que aquela que podem consumir». A Europa não pode deixar este território, o que quer dizer que deverá tratar de ajudá-lo na sua integração, de lhe devolver a confiança e a dignidade que neste momento parecem destruídas e perdidas."

O ovo e a galinha

Nunca mais poderemos perguntar, perante discussões intermináveis e sem possível resolução: quem é que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
Um cientista britânico descobriu finalmente a resposta para o enigma existencial fundamental: foi o ovo!
E foi o ovo porque o material genético não evolui num organismo vivo, logo o primeiro pássaro a transformar-se em galinha teve, antes, de existir como embrião no interior de um ovo.
O professor John Brookfield, professor de genética evolutiva na Universidade Nottingham, no leste da Inglaterra, afirmou a vários jornais britânicos: "Podemos concluir sem qualquer dúvida que a primeira matéria viva pertencente à espécie terá sido esse ovo. O ovo teve de vir necessariamente antes da galinha".
Brookfield teve o respaldo na sua descoberta de David Papineau (professor de filosofia das ciências no Kings College de Londres) e de Charles Bourns (presidente da federação britânica de criadores de frangos).
Esperamos agora, para bem das nossas conversas intermináveis que não levam a lado nenhum, que ninguém descubra o sexo dos anjos...

22 maio 2006

A riqueza de Fidel Castro

Daniel Paz & Rudy in "Página/12"

18 maio 2006

Uma homenagem ao meu continente de adopção



Angie Cepeda (colombiana - América... Latina)

Uma homenagem à minha terra de adopção


Araceli González (musa argentina)

17 maio 2006

Pagar o cheiro da pizza

Uma cadeia de pizzerias lituana pretende registar como seus os direitos de propriedade intelectual do cheiro da pizza acabada de sair do forno. As pizzas Cilija dizem que os lituanos associam o cheiro da pizza acabada de fazer à sua marca (e têm sondagens que o provam), logo, consideram ter o direito à propriedade intelectual desse aroma. A Cilija, que detém dezenas de restaurantes na Lituânia e na Letónia, já solicitou o registo no Gabinete Nacional de Patentes lituano. Se ganhar, as outras marcas não ficam impedidas de fazer as suas pizzas no forno, apenas não poderão dizer que elas cheiram a pizzas acabadinhas de fazer - mesmo que sejam pizzas acabadinhas de fazer e o nosso nariz o sinta.
(Notícia da Associated Press)

16 maio 2006

Outros ganham credibilidade com a guerra

Ainda do Baghdad Burning.

"Um canal de televisão que tinha começado a transmitir no princípio da guerra era a televisão iraniana Al Alam. Emitiam em árabe para o público iraquiano com autorização do antigo governo e continuaram a transmitir mesmo depois de todas as estações iraquianas o terem deixado de fazer. A sua cobertura da guerra era bastante neutral. Cingiam-se aos factos e evitavam comentários e opinião desnecessária e isso, até certo ponto, tornou-os dignos de confiança - principalmente porque não tinhamos outras opções."

A primeira vítima da guerra é a liberdade de expressão

No blogue Baghdad Burning, um relato dos dias da guerra traz-nos este testemunho que demonstra como a credibilidade de um meio de comunicação pode sofrer um rombo de que muito dificilmente recuperará quando acede (ou é obrigado a) a ser integrado no esforço de guerra. Isto aconteceu à Radio Voice of America na Guerra do Iraque.

"No princípio de Abril (de 2003), tínhamos desistido de receber informações pela televisão e éramos obrigados a confiar apenas nas notícias recebidas por estações de rádio como a Monte Carlo, BBC e a Voice of America (VOA). A VOA eratão inútil como Sahhaf (o antigo ministro da Informação de Saddam Hussein) - nunca sabíamos se as notícias que transmitiam eram reais ou apenas propaganda. Entre os boletins noticiosos, a VOA transmitia as mesmas canções vezes sem conta. Ainda não consigo ouvir "A New Day as Come" de Celine Dion sem tremer, porque na minha cabeça continuo a ouvir os sons da guera. "I was waiting for someone..." o ruído de um avião a sobrevoar-nos... "For a miracle to come..." o Boom de um míssil... "My Heart told me to be strong..." o ra-ta-ta-ta-ta das AK-47... Hoje odeio esta canção."

Bono, director convidado do The Independent



Bono, o vocalista dos U2 exerceu como director convidado da edição de hoje do diário "The Independent". Esta é a primeira página. Quem quiser aceder à edição online pode usar este link.

15 maio 2006

“Limitar-me-ei a disfrutar, porque o Arsenal tem poucas hipóteses”

Esta é uma entrevista do escritor inglês Nick Hornby, adepto fanático do Arsenal, ao El País de hoje, a propósito da final da Liga dos Campeões desta semana entre Barcelona e Arsenal.

Vai a Paris?
Claro que sim. De certa maneira, este vai ser o jogo mais importante da história do Arsenal. Não o perderia por nada.
Uma final merece tanto sofrimento?
Continua a parecer-me incrível que uma equipa tão jovem tenha chegado à final e não creio que tenha muitas hipóteses contra o Barcelona, pelo que me vou limitar a desfrutar do dia.
Charlie George [mítico jogador dos gunners] e Thierry Henry têm estilos futebolísticos opostos, mas ambos são ícones do Arsenal. O que é que significam para si?
Não estou assim tão certo que sejam diferentes. Quero dizer, sim, têm estilos de jogo diferentes, mas ambos significam o mesmo para os adeptos do Arsenal de determinada geração: são jogadores elegantes, com talento; jogadores com os quais os adeptos se identificam e querem ver. Charlie George era de Manchester e Thierry é francês, mas a verdade é que Thierry ganhou mais jogos e marcou mais golos. A velha discussão sobre os jogadores ingleses em relação aos mercenários estrangeiros é complicada, porque Henry demonstrou uma grande lealdade ao Arsenal, embora se vá embora este Verão.
O Arsenal passou de ser uma equipa chata para se transformar numa equipa brilhante. Que mudança representou isso para si?
Coincidiu com muitas outras mudanças no futebol, mas nos últimos anos, ir ver o Arsenal tem sido como ir ao cinema ou ao teatro. Não me queixo, porque as equipas de Wenger jogam o melhor futebol que alguma vez vi na minha vida, mas agora habituámo-nos a que nos entretenham.
Quais são as chaves de essa transformação?
Há dois elementos chave. Em primeiro lugar, a contratação de Dennis Bergkamp em 1995. O segundo, e mais importante, a escolha de Arséne Wenger. Na minha opinião, toda a gente na Europa sabe que Wenger é um génio. O truque, em parte, foi fazer tudo dez vezes mais rápido do que o Arsenal estava habituado a fazer. As equipas de Wenger jogam a um ritmo incrível e o futebol a grande velocidade é muito emocionante. O efeito tem sido curioso.
De Highbury ao Fly Emirates. Do estádio de sempre a um de luxo. O que é que acha disso? Tem medo de que se produza um efeito Abramovich ou Glazer?
Acho que é o melhor para o clube. O Arsenal cresceu muitíssimo e não está bem que uma equipa assim jogue só para 38 mil pessoas. Vou ter muitas saudades de Higbury; nunca mantive uma relação tão prolongada com um lugar, mas é tempo de seguir em frente.
Levará para casa um tijolo de Highbury como recordação?
Não. Não se pode comprar nada que possa conter as recordações dos últimos 38 anos.
O que é que acha de Cesc Fábregas?
Cesc tem sido fantástico e não há dúvida que os adeptos do Arsenal o adoram. Viveu uma primeira parte da temporada um pouco dura, quando a equipa tinha dificuldades, mas jogou extraordinariamente bem contra o Real Madrid e a Juve. Estará na selecção durante muitos anos.
Qual é a sua opinião do Barça como instituição? Tem conhecimento das suas conotações e das profundas raízes do clube em Espanha?
Não acredito que se possa ser amante do futebol sem saber tudo sobre o Barcelona. O único que posso dizer é que pode ser que o Arsenal nunca mais volte a estar numa final da Liga dos Campeões enquanto eu for vivo. E se no fim resultasse que só estaríamos aí apenas uma vez, qualquer adepto do Arsenal teria escolhido o Barcelona como adversário.
E o que é que acha do Ronaldinho e do Messi?
Vi muitas vezes os dois pela televisão. Messi e Cesc são, junto com Rooney, os melhores jogadores jovens do mundo. Henry e Ronaldinho são, simplesmente, os melhores jogadores. É uma pena que o Messi não possa estar na final.
Que jogador inglês contrataria para o Arsenal?
Rooney é o melhor jogador inglês, mas Gerrard seria aquele que nos daria mais jeito agora.
O que é que acha do facto do Arsenal ter tão poucos ingleses?
A mim não me importa que não haja jogadores ingleses. O importante não é de onde vêm as pessoas, mas se querem jogar para a tua equipa. E as pessoas querem jogar com Wenger, assim que há muita estabilidade. Compreenderia que existisse uma lei que estipulasse que os jogadores deveriam de ser provenientes dos arredores do clube, nascidos a 10, 20 quilómetros do estádio. Mas a nacionalidade não é importante.
O clube está acima de tudo?
Antes de chegarem todos os jogadores franceses, tínhamos jogadores do norte da Inglaterra, irlandeses ou escoceses. O que é que eles sentiam pelo Arsenal quando eram jovens? Provavelmente, eram do Manchester United ou do Celtic! Agora contratamos jogadores africanos que são adeptos do Arsenal desde pequenos. Como afirmei antes, é um bocado complicado. Mas um jogador de clube não nasce, faz-se.

11 maio 2006

O amor, a morte e uma cidade às escuras

Tinha 19 anos e uma namorada de 16, a paixão levou-o a procurar um sítio escondido para estar mais à vontade com ela. Os dois entraram numa cave de Bucaramanga, cidade capital do estado de Santander, e às escuras ele, identificado como Daniel Ricardo Motogoro Dueñas, encostou-se a um transformador e recebeu uma descarga de 13.000 volts. Ao morrer, parte da cidade de Bucaramanga ficou às escuras. Um melodrama real...

07 maio 2006

O realizador e a supermodelo



O realizador John Woo contratou a super-modelo taiwanesa Lin Chi-ling para protagonista de um dos seus próximos filmes, "The War of the Red Cliff", baseado num romance de Guanzhong Luo. O realizador fez o anúncio durante uma conferência de imprensa, hoje em Taipé. Lin Chi-Ling irá interpretar uma mulher que se insurge contra a guerra no período da história chinesa denominado dos Três Reinos Combatentes (221-225 d.C.). O protagonista masculino será o actor Chow Yun-fat, muito conhecido das plateias ocidentais ("O Tigre e o Dragão"). O filme começará a ser rodado em 2007 para estar pronto antes dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.

Paranóia

O que passamos a transcrever abaixo é uma notícia de hoje da Agência Lusa e demonstra como a paranóia pode roçar a imbecilidade. Como se os terroristas estivessem aí à mão de semear, com um sinal na testa a dizer: Sou terrorista e vou-te matar (leiam com pronúncia brasileira, por favor)...

"Quatro militares angolanos e um israelita estiveram sábado detidos várias horas no aeroporto internacional de Newark, Nova Jersey, por suspeita de terrorismo, levantada pelos passageiros do voo em que seguiam.
Os cinco militares, que não foram identificados, tinham entrado num voo de Dallas, Texas, em direcção a Newark, na viagem de regresso aos respectivos países, depois de terem participado num curso de formação de pilotos de helicópteros.
Como falavam em língua estrangeira e possuíam "livros sobre pilotagem", atraíram as suspeitas dos outros passageiros, que as transmitiram a um polícia federal que seguia a bordo, indicou um porta-voz do FBI.
De acordo com a mesma fonte, o polícia a bordo comunicou com os responsáveis da Autoridade Portuária de Nova Iorque e Newark, que procederam à detenção dos cinco militares quando o avião aterrou.
Interrogados durante algumas horas, os cinco militares foram libertados e prosseguiram viagem.

06 maio 2006

O centenário de Rossellini


Uma fotografia de um dos meus filmes preferidos, "Stromboli", aquele que marcou o encontro de Rossellini e Ingrid Bergman no cinema.

Um texto sobre o cineasta aqui.

O centenário de Rossellini




O mundo do cinema prepara-se para celebrar o centenário do nascimento de Roberto Rossellini (1906-1977), considerado o pai do neo-realismo italiano. Desde restauração de filmes até documentais, cursos e exposições, a capital italiana vai homenagear em grande o autor de "Roma, Cidade Aberta".
Rosselini cumpriria 100 anos a 08 de Maio e Roma quis recordar com uma extensa lista de acontecimentos ao homem que tentou capturar o espírito da cidade em vários filmes.
Um dos principais eventos da lista de homenagens será mesmo a estreia no Outono da cópia restaurada de "Roma, Cidade Aberta", obra-prima do cinema mundial que se tornou um dos pilares do neo-realismo italiano, provavelmente a época de maior brilho do cinema de Itália.
A Filmoteca italiana contou com um orçamento de 35 mil euros para recuperar a película que será apresentada com pompa e circunstância na próxima edição do Festival de Cinema de Veneza, de acordo com o assessor de cultura de Roma, Gianni Borgna.
Além disso, a câmara da capital italiana resolveu entregar uma nova sede no centro da cidade para a Fundação Rossellini, dedicada a divulgar o projecto humanista que este sempre pretendeu transmitir através dos seus filmes, produções televisivas e literárias.
Em Dezembro, será inaugurada a exposição "Roberto Rossellini - Arte e Ciência do Humanismo" no museu de Roma em Trastevere, galeria que o ano passado pela mesma altura albergou uma exposição sobre outro dos grandes nomes do cinema italiano: Pier Paolo Pasolini.
No Outono, haverá uma retrospectiva completa da obra de Rossellini em Roma, à margem de jornadas de estudos rossellinianos no Teatro de Torbellamonaca, com a participação dos principais especialistas estudiosos mundiais na obra do cineasta.
Em finais de Setembro, o Auditório de Roma inaugurará uma exposição de fotografias e imagens da mais conhecida filha do realizador, a actriz Isabella Rossellini, que terá como título "Em Nome do Pai, da Filha e do Espírito Santo".
Este é também o título do livro que a também modelo - uma das descendentes da relação entre o realizador e actriz Ingrid Bergman - publicou este ano.
Isabella Rossellini também escreveu e realizou uma curta-metragem de 15 minutos com o nome de "O Meu Pai Cem Anos", protagonizado pela própria, que será transmitido pelo canal britânico por satélite Sky e canais de televisão italianos que dedicarão o dia à obra do realizador.
A maioria dos actos públicos de homenagem estão a cargo da câmara de Roma e da Fundação Roberto Rossellini presidida por Renzo, filho do realizador. Mas as homenagens irão para além das fronteiras da cidade, com iniciativas em Veneza, Trieste e Ronciglione. O Festival do Mediterrâneo de Paestum - antigo enclave de Magna Grecia, no sudoeste de Itália, criou para a ocasião um Prémio Roberto Rossellini pela Paz no Mundo. (tradução e adaptação de um texto da agência de notícias espanhola EFE.

04 maio 2006

A censura francesa

A Comédie-Française decidiu retirar do seu programa uma peça do escritor austríaco Peter Handke depois de este ter lido um discurso no funeral do antigo líder sérvio Slobodan Milosevic. Num acto deplorável de censura, que se tivesse acontecido nos Estados Unidos já teria feito troar múltiplas vozes de intelectuais europeus, os responsáveis da Comédie-Française demonstraram como a liberdade de expressão não é um direito universal, nem mesmo na Europa sempre pronta a dar lições. Muitas vezes esbarra na intolerância politicamente correcta de um certo intelectualismo de esquerda, rápido a defender a multiplicidade de opiniões in abstractu, capaz de as cercear em concreto, quando estas surgem de ambientes menos canónicos. Além disso, há uma inteligentsia europeia cada vez mais dependente dos múltiplos cargos culturais públicos (nacionais, regionais, locais), para os quais é nomeada por políticos que não têm ideias próprias, mas fazem suas as ideias da maioria e não querem ondas que lhes ponham em causa a próxima eleição.
A Comédie-Française acha que pode retirar Handke do seu programa, porque Handke é um apoiante de Slobodan Milosevic - conhecido genocida, condenado por crimes contra o seu povo antes mesmo de qualquer sentença do Tribunal Penal Internacional. Mas é na atitude perante aqueles que são mais fáceis de censurar (revisionistas, fundamentalistas, Testemunhas de Jeová...) que se deverá fazer o esforço maior para defender a liberdade de expressão. Defender o defensável é fácil, defender o que nos dá voltas às tripas intelectuais é que custa.

P.S. Quando é que a França irá parar para reflectir sobre as razões pelas quais perdeu a sua influência cultural e política no mundo? É que os franceses continuam a comportar-se como se os salões de Paris continuassem a ser a referência de civilidade do planeta.

Philip Roth sobre os bons leitores

"A única obrigação do escritor é a de escrever o melhor que pode. Ponto final. Não necessita de nenhuma justificação política, não tem de pretender mudar o mundo, porque a literatura não serve para nada, mas é tremendamente necessária. Viver sem ela é viver desprovido, no entanto, muitos vivem assim. A literatura, melhor, a ficção literária, não tem qualquer importância, pelo menos no meu país e cada vez são menos aqueles que disfrutam dela. Calculemos que cada ano que passam morrem 72 bons leitores e são substituídos por dois e no princípio não havia mais de 25 mil bons leitores. Isto não é anedota. Gente jovem que lê ficção de forma séria e que depois pensa quase não existe. Muitos gostariam, eu sei, mas não têm tempo. A maior parte é seduzida pelo ecrã mais do que pela folha impressa ou têm outras coisas para fazer com as quais se divertem mais. Daqui a alguns anos, os bons leitores serão tão poucos que serão como um culto - as 150 pessoas nos Estados Unidos que lêem «Anna Karenina», por exemplo."

Entrevista de Philip Roth ao jornal argentino "La Nación"

03 maio 2006

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

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A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

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A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

02 maio 2006

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes

A selecção competitiva do 59º Festival de Cinema de Cannes